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As quatro exigências da sabedoria (Pv 2.1 a 5)

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Imagine a seguinte cena: um jovem franzino e retraído é profundamente apaixonado por uma bela moça. Ele, envergonhado, sempre manteve aqueles sentimentos bem escondidos no coração, todavia, um dia ele corajosamente vai até ela e revela todo seu amor. Para sua grande surpresa, seus sentimentos são correspondidos (ele mal se aguenta de tanta alegria). Então, se volta romanticamente para sua amada e pergunta: "você quer namorar comigo?". Ela olha bem no fundo dos seus olhos e diz: "você precisa falar com meu pai primeiro". Aquele coração que quase não se aguentava de tanta alegria, agora para de tanta preocupação. Ao chegar na casa da moça, ele é recebido pelo pai com um aperto de mão firme e após ser apresentado à coleção de armas brancas daquele senhor, é convidado a se sentar e ouve a seguinte pergunta: "quais são as suas intenções com a minha filha?". Após minutos do muito suor, palavras embaralhadas e vergonha alheia, o pai da moça interrompe o jovem destrambelhado e diz: Eu só vou deixar você namorar a minha filha se... (aí vem uma grande lista).

Nos últimos textos apresentamos o fio condutor do livro de Provérbios: o casamento com a sabedoria (ou o adultério com a loucura). A sabedoria foi comparada com a mais bela donzela a ser desposada, todavia como uma moça de respeito, não se pode vir até ela sem interesse legítimo em relacionamento. Da mesma forma que na ilustração que vimos acima, há condições que precisam ser cumpridas quando tentamos nos aproximar da sabedoria, para ser mais preciso, o capítulo 2.1 a 5 nos apresentará quatro requisitos que devem ser cumpridos, estes são: aceitar, dar ouvidos, clamar e buscar.

Note primeiramente que o autor parece propor aqui uma espécie de progressão nos verbos que são apresentados. Inicialmente a pessoa aceita o ensino, depois dá ouvido a ele, clama por aprofundamento e sai a buscar mais. Mas veja, este é só um primeiro recurso que evidencia e enfatiza a necessidade de buscar entender a sabedoria.

O outro recurso e que precisa ser bem compreendido é o "paralelismo", simplificadamente, é uma forma de estrutura do texto poético hebraico que coloca duas ou mais informações juntas para enfatizar, explicar, contrapor, dentre outros objetivos que dependem da intenção do autor. Creia, vai ficar mais claro quando olharmos para o seguinte infográfico: 

O primeiro verbo (e primeira exigência) é "aceitar". Mas o que deve ser aceito? Simples, as palavras do Pai. Mas se seguíssemos a compreensão provável do nosso tempo, poderíamos entender como um simples concordar, uma espécie de inclinação mental favorável. Todavia a segunda frase do versículo, em paralelo com a primeira, nos ajuda a entender a ênfase do autor: "se aceitares as minhas palavras e esconderes contigo os meus mandamentos". O sentido para o verbo "aceitar" (reforçado por esconder) é a adoção de um novo padrão de vida. Para que você possa ter ideia da força do que está sendo dito, temos aqui a mesma palavra (em um contexto bem parecido) do Salmo 119.11, que diz: "escondi a tua palavra no meu coração para eu não pecar contra ti".


Observe agora a segunda exigência: "para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido". Note mais uma vez, que a atenção proposta aqui não é vazia, pois é reforçada pela sequência do verso "para inclinares o coração ao entendimento". O que se quer dizer aqui é que a atenção voltada para a sabedoria é a inclinação de toda a nossa vida e nosso ser para isso (conversaremos sobre o significado do coração mais tarde).


A terceira exigência, por sua vez, é apresentada da seguinte forma "se clamares por inteligência" e é enfatizado pela continuação "por entendimento alçares a voz". Note que este é o resultado de alguém que já está totalmente inclinado a sabedoria e agora não deixa de pedir por ela incansavelmente. Este pedido deve ser entendido como uma oração de alguém que se aproxima do Senhor reconhecendo a necessidade da sabedoria em sua vida.


A quarta, e última exigência é buscar a sabedoria como a prata e acompanhada pela instrução de procurar como tesouros escondidos. A comparação aqui não poderia ser mais clara e mais desafiadora para o coração humano, pois o ímpeto e a disposição que temos para procurar recursos materiais deveria ser empregada na mesma medida (ou em lugar de) para adquirirmos a sabedoria, até o porque o lucro que ela dá é muito mais precioso: a vida (Pv 3.14; Ec 7.12).


Para resumir todas essas exigências, precisamos perceber que o caminho da sabedoria vai custar toda sua disposição e entrega, tudo precisará ser voltado pra ela, pois nada menos do que isso será aceito. Talvez a melhor forma seja afirmar que devemos fazer isso com todo nosso coração, alma, força e entendimento.


Agora não podemos ter dúvida, o resultado de todas essas exigências é maravilhoso e está revelado pra nós no verso de número 5: "então entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus". Note mais uma vez o paralelismo enfatizando a importância e ligando o temor do Senhor com o conhecimento de Deus. Não existe prêmio melhor do que este (como veremos no próximo texto)!


Você está preparado para dar tudo pela sabedoria?


Rev. André C. B. Lima

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