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A quem você dá ouvidos? (Pv 1.8 a 33)

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Você consegue pensar em alguma coisa, além de festa surpresa (presentes e comemorações em geral), que é feita às escondidas e é certo, bom e louvável? Se você conseguir pensar em alguma coisa deixe nos comentários, mas arrisco dizer que dificilmente essa resposta vai ser de "bate-pronto". A natureza de algo feito às escondidas normalmente está associada à vergonha, ao escuro, àquilo que não pode ser feito em plena luz sem causar escândalo. A porção de Provérbios que veremos hoje nos mostra exatamente essa diferença daquilo que precisa ser escondido e do que é proclamado em alto e bom som.

No último texto, apresentamos o fio condutor do livro de Provérbios: o casamento com a sabedoria ou o adultério com a loucura. O pai já começou a argumentar e a apresentar a necessidade de que o filho lhe dê ouvidos para que faça a escolha certa em sua vida.

Agora, o final deste primeiro capítulo, por sua vez, nos apresenta duas falas, duas vozes e que representam dois estilos de vida, ou inclinações do coração. Veja, eu quero que você esqueça completamente aquela tendência que temos de imaginar essa situação como um anjinho e um diabinho no ombro tentando convencer alguém neutro. Primeiro, porque sabemos que o homem caído sempre tende para o mal. Em segundo lugar, o livro de Provérbios não é uma obra maniqueísta* (como a Bíblia não é), pois a loucura não tem nada, ela não está em uma disputa cósmica com a sabedoria para ver quem ganha, ela só engana os carentes de entendimento para matá-los. Mas a sabedoria é totalmente diferente, ela é grandiosa e pujante! Nós veremos isso ao analisarmos as duas vozes.

A primeira voz (1.8 a 19) é a da loucura, ela é proferida pelos pecadores que tentam seduzir com práticas escondidas e ganhos fáceis. O exemplo aqui é o da emboscada (da ganância), eles convidam para se esconder, roubar e matar com o fim de gerar grandes lucros sem trabalho.

Agora, qual é o fim desta emboscada? "Estes se emboscam contra o seu próprio sangue e a sua própria vida espreitam" (v.18). Ou seja, ouvir a voz da loucura é buscar o caminho da morte, é como o animal que vê o alimento pronto, simples e fácil sem saber que está caminhando para a armadilha que custará a sua própria vida. Grave o padrão "sedução, fazer escondido e morte", pois ele está sempre associado à mulher loucura.

Todavia, a segunda voz é completamente diferente (Pv 1.20 a 33), ela não é um sussurro às escondidas, é um grito austero! A sabedoria proclama em alta voz nas praças e nas ruas o seu ensino, e pelo derramar do seu espírito as suas palavras podem ser conhecidas. Ela não precisa seduzir ou enganar, pois é clara, justa e boa.

Mas o que a sabedoria está gritando? Ela faz um grande chamado ao arrependimento a todos que podem ouvir a sua voz. Atender a esta repreensão é uma necessidade iminente, pois aqueles que recusam a admoestação da sabedoria (temor do Senhor) se fartam da consequência dos seus próprios conselhos, ou seja, terror, tempestade, perdição e angústia.

Nossos dias são especialmente marcados por tudo que é contrário à sabedoria, de forma que a voz sedutora da loucura tem sido louvada como forma de liberdade. Note isso pelas palavras de ordem como "siga o seu próprio coração", "não deixe que ninguém te diga o que fazer", "busque a sensação de bem-estar sobre todas as coisas". Chegamos até ao absurdo de vermos que as coisas que antes eram feitas, por vergonha, no escuro, hoje são escancaradas com orgulho em plena luz (demonstração maior de perdição). Todavia, a repreensão da sabedoria continua a ecoar:

"Até quando, ó néscios, amareis a necedade? E vós escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o conhecimento?" (Pv 1. 21)
"Os néscios são mortos por seu desvio, e aos loucos a sua impressão de bem-estar os leva a perdição. Mas o que me der ouvidos habitará seguro, tranquilo e sem temor do mal" (Pv 1.32 e 33).

Bem, o grito foi dado (está posto o machado à raiz)! O chamado ao arrependimento é a todos quantos podem ouvir e o temor do Senhor é o caminho apresentado para a vida. Nos próximos textos nós conheceremos mais sobre a sabedoria e seus efeitos em nossa vida, assim como os danos da loucura. Mas tendo sido apresentado a essas duas vozes, a quem você vai dar ouvidos?

Rev. André C. B. Lima

*Maniqueísmo é uma heresia que defende um dualismo radical. Há dois princípios, o do bem e o do mal. O primeiro é espiritual e o segundo material. O primeiro é luz o segundo é treva. Neste mundo, e particularmente no ser humano, estes dois princípios estão interligados, e, portanto, numa luta contínua. O elemento bom e espiritual no ser humano se encontra prisioneiro dentro do corpo e necessita reconhecer sua origem e destino divino para ser libertado. (adaptado de Justo L. González – Dicionário dos intérpretes da fé. Editora Hagnos)
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